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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Lula é o alvo nº 1: Para a oposição golpista, o desgaste e o sangramento politico de Lula tem que ser agora, diz Carlos Araújo

Fundador do PDT e ex-marido de Dilma não acredita em impeachment e afirma que sede de 
poder levará Aécio a se candidatar pelo DEM. Assista á entrevista completa. As falas retiradas para esta matéria começam a ser ditas no terceiro bloco, a partir de 33 minutos e 25 segundos.

Jornal GGN - A crise política enfrentada hoje pelo governo Dilma Rousseff decorre de uma
conjuntura de fatores que torna mais complexo o processo de restabelecimento da liderança da
presidente, entretanto, de forma alguma impossível, na avaliação do advogado trabalhista, militante
político e um dos fundadores do PDT, Carlos Franklin Paixão de Araújo.
Hoje, aos 77 anos, ele mantém um importante escritório de advocacia na capital gaúcha e, nos
últimos anos, tem recebido os principais protagonistas da política brasileira em sua casa, localizada à
beira do rio Guaíba. Araújo é pai da única filha da presidente Dilma, com quem foi casado por mais
de 30 anos. Atualmente é companheiro da arquiteta Ana Meira, mantendo fortes laços de amizade
com Dilma.
Durante entrevista exclusiva para o apresentador do Brasilianas.org (TV Brasil), Luis Nassif, Araújo
definiu que a crise política vivida hoje decorre principalmente das dificuldades econômicas que o
país enfrenta, apontando que um dos erros do governo foi não estabelecer em tempo um rumo
econômico para sair da recessão. Para ele, portanto, é preciso apenas dar “alguns passos na
economia” para se assistir uma redução significativa da crise política.
Ele avaliou, ainda, que o cenário para um impeachment é praticamente impossível, mas insuflado,
sobretudo, por setores radicais que, ao longo da história do país, tentaram “chegar ao poder por uma
via que não seja democrática”. Hoje esses setores - formados sobretudo pelo pensamento de extrema
direita - encontraram apoio explícito de uma parte do PSDB, liderada por Aécio Neves, entretanto
oposição, também explícita, de outras frações do mesmo partido, sobretudo lideradas por Fernando
Henrique Cardoso, Alckmin e Serra.
Para respaldar seus argumentos, o ex-deputado lembrou que os principais “consultores” de Aécio
Neves são “dos setores mais atrasados do PSDB e do DEM”, sobretudo o senador Ronaldo Caiado
(DEM-GO), o líder do PSDB no Senado, Cássio Lima e o líder do PSDB na Câmara, Carlos
Sampaio. “Três homens da extrema direita, e o Aécio navegando nessas águas”, completou o ex-
deputado.
Outro ponto que dificulta significativamente um processo de impeachment no Brasil é de nível
técnico. “Dilma tem hoje uma base formada por 51 do total de 81 senadores. Para impedir que o
impeachment passe no Senado precisa apenas do voto de 28 senadores. Já na Câmara dos Deputados
ela tem uma base de 303 entre 513 parlamentares e lá ela precisa apenas de 171 deputados para não
passar o impeachment”, explicou.
Para Araújo, todo o processo político em andamento para enfraquecer o governo Dilma e o PT trará
impactos significativos nas eleições presidenciais de 2018, onde a oposição teme o fantasma da
candidatura de Lula. Ele chamou a atenção para uma recente pesquisa feita pelo Datafolha que
perguntou aos entrevistados em quem votariam na atualidade caso Dilma caísse. Cerca de 33%
declararam voto em Aécio Neves, porém 29% elegeriam Lula. A margem a favor do ex-presidente é
para Araújo um dado expressivo em meio a maior crise vivida pelo Partido dos Trabalhadores.
“Então, a questão toda por trás é como [a oposição precisa] atingir o Lula, em última análise. E por
que tem que ser agora? Porque sabem que o governo acabará se recuperando um pouco e esse é o
momento para atingi-lo. Se deixar um pouco mais, um ano, é capaz do governo começar a respirar”,
disse o ex-deputado.
A mesma pesquisa do Datafolha, divulgada em abril, revelou também que o ex-presidente Lula foi
considerado por 50% dos entrevistados como o melhor presidente da história do país. Fernando
Henrique Cardoso apareceu em segundo lugar, com 15% das opiniões, seguido por Getúlio Vargas
com 6%.
Aécio Neves no DEM
O cenário, portanto, valida a tese de que o principal beneficiado por um processo de impeachment é
Aécio Neves. Por isso outras cabeças do seu partido, isso é Serra, Alckmin e FHC, têm se
manifestado contrários a queda de Dilma, percebendo que se a presidente, no final das contas, sair
vencida de uma tentativa de golpe, podendo prosseguir seu mandato, perderiam votos e credibilidade
frente a uma parcela da população.
Não à toa setores que representam os partidos de oposição ao governo já começaram a se manifestar
contrários a um impeachment (veja aqui e aqui). Os resultados da saída dos líderes do Planalto
também preocupam as “elites brasileiras significativas da indústria”, lembrou Araújo. Recentemente,
as Federações das Indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro (Fiesp e Firjan) divulgaram uma nota
oficial conjunta de apoio às propostas do vice-presidente e articulador do governo, Michel Temer,
pedindo união da sociedade e das lideranças políticas em prol da governabilidade.
Araújo avaliou Aécio Neves como um político fraco, incapaz de perceber os perigos de se aliar a
setores mais conservadores para conseguir chegar ao Planalto. E seu discurso fica cada dia mais
radical por perceber que a queda de Dilma, através de um impeachment, é a única chance dele se
tornar presidente da república pelo PSDB. Lembrando que os últimos acontecimentos políticos
dentro da sigla apontam grandes chances de Geraldo Alckmin disputar a presidência de 2018.
“Por isso Aécio quer participar como a grande vedete dessa passeata do dia 16 de agosto. É uma
coisa inacreditável ver um político se expor desse jeito, de uma forma primária”, prosseguiu o ex-
deputado que já ouviu comentários de que Aécio teria portas abertas para se candidatar a presidência
pelo DEM, em 2018, caso não consiga vencer as disputas para concorrer pelo PSDB.
Dilma
Carlos Araújo ponderou que a grande obrigação da presidente Dilma Rousseff é tomar a iniciativa de
fazer para a sociedade um discurso unificador, pedindo por uma grande conciliação nacional para a
saída conjunta da crise econômica enfrentada.
“Temos condições de superar, [o Brasil] é um país com tudo para dar certo, tem uma infraestrutura
interessantíssima, temos riquezas minerais que nenhum país semelhante tem, um povo fantástico e
aprendemos a jogar politicamente na esfera internacional. É um país confiável, só temos que nos
acertar um pouco para tocar esse barco. E quem ganhar em 2018, seja quem for, vai governar um
país estruturado com melhores condições para aproveitar”, comentou.
Lula em 2018
O ex-presidente Lula é a única liderança política expressiva no Brasil, ainda que enfraquecido pelos
escândalos de corrupção ligados ao seu partido. O fato de ser ainda uma figura significativa aumenta
suas chances de ser novamente presidente. “Não há dúvidas de que ele é o candidato mais forte de
2018, todos sabem”, pontuou Araújo.
Mas o trabalho de Lula para angariar votos, caso entre na disputa eleitoral, será um pouco mais
complicado. Ele deverá continuar dialogando com os trabalhadores, sobretudo das classes mais
baixas, entretanto abarcar a classe média e a juventude, que desconhece o lado simbólico de sua
figura, construído historicamente desde o final dos anos 1970.

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