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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

As ondas tectônicas que vêm da China





Não são pequenas as preocupações suscitadas pela crise na China.
A China não é uma democracia, mas tem alternância de poder. Estas se dão no âmbito do Partido Comunista Chinês, com movimentos pendulares similares aos das democracias ocidentais: a uma gestão voltada para o mercado sucede outra com preocupações sociais e regionais.

De um lado, grupos políticos baseados em Xangai; de outro, lideranças provinciais bem sucedidas. O fator de legitimação são as taxas de crescimento, necessárias para dar conta não apenas da inclusão mastodôntica de chineses ao mercado de consumo, mas também às aspirações de melhoria contínua na vida dos chineses já incluídos.
E não tem jeito. Os grandes crescimentos nacionais sempre se deram através da urbanização, da incorporação da mão de obra rural nas indústrias.
O final dos ciclos sempre são marcados por crises de superinvestimento, de criação de enorme capacidade ociosa nas indústrias pela frustração no ritmo de crescimento anterior. A frustração do processo de melhoria produz terremotos sociais e políticos. Os comícios da Vila Euclides ocorreram quando as perspectivas de melhoria cessaram, mesmo com os metalúrgicos em situação muito melhor do que no início dos anos 70.
A crise transborda para a política, obrigando o governo chinês a malabarismos. Sua estratégia tem sido convencer a opinião pública da importância do avanço geopolítico para fora das suas fronteiras. Esse desafio externo funciona como álibi para expurgos que estão sendo realizado nas Forças Armadas - a pretexto de coibir a corrupção -, visando colocar em cargos-chave generais fiéis ao presidente, para se contrapor a golpes potenciais advindos do Partido Comunista.
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Não é pouca insegurança, em se tratando da segunda economia do planeta.
O componente político aumenta a volatilidade. O componente real, o econômico, provoca os terremotos globais. A frustração do ritmo de crescimento das últimas décadas muda o comércio e o sistema de preços mundial.
O efeito imediato é a queda das cotações das commodities batendo direto na economia brasileira.
Outro efeito é a volta atrás na estratégia de substituir exportações por investimentos internos. As minidesvalorizações da moeda chinesa trazem o fantasma de uma nova invasão de produtos chineses nos principais mercados globais. Ao mesmo tempo, há ondas de desvalorizações da moeda de inúmeros emergentes.
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As ondas subsequentes são complicadas.
A queda nos preços do petróleo afeta a competitividade de inúmeros setores que nasceram com o petróleo caro, mais especificamente o xisto nos Estados Unidos e o conjunto de pesquisas em energias alternativas. Bate na geração de caixa da Petrobras. Por outro lado, abre espaço para uma recuperação mais rápida da economia mundial.
Pelo tamanho da China, cada movimento gera ondas tectônicas mudando as correlações de preços, em ondas sucessivas. As somas de perdas e ganhos impedem qualquer avaliação objetiva sobre as resultantes, ainda mais incluindo-se nesse quadro os desdobramentos políticos e geopolíticos.
Enfim, é um momento aguardado há tempos, que marcou a explosão de todas as grandes economias globais. Mesmo aguardado, sempre pega o mundo de surpresa.

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