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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Um golpe no coração da Amazônia: o Rio Tapajós não é um igarapé ou um córrego


Um golpe no coração da Amazônia. Veja a comparação com a área da Holanda, por exemplo.

O que está em jogo aqui no coração da Amazônia não é um pequeno igarapé, o que está em jogo é a sobrevivência de quase 600 mil pessoas que trabalham e moram em sete municípios ao longo desse rio de 810 km de comprimento e que, na sua foz, tem 13 km de largura e cuja bacia tem uma área de 492.000 km². Pois este grande rio já foi gravemente afetado pela poluição dos garimpos há três décadas. E hoje isso pode se repetir, com a retomada da atividade garimpeira com tecnologias mais avançadas que no passado.
Talvez quem resida em outras regiões do Brasil, e mesmo do Pará e outras partes da Amazônia, e não conheça os principais rios amazônicos, pode imaginar que a campanha “Vamos Passar o Tapajós a Limpo”, que está na internet, se refira a mais uma busca de assinaturas, entre as centenas de petições que circulam na web. Reconhecendo a validade de grande parte dessas reivindicações, a campanha em prol do Tapajós difere muito de outras.
O que está em jogo aqui no coração da Amazônia não é um pequeno igarapé, o que está em jogo é a sobrevivência de quase 600 mil pessoas que trabalham e moram em sete municípios ao longo desse rio de 810 km de comprimento e que, na sua foz, tem 13 km de largura e cuja bacia tem uma área de 492.000 km². Pois este grande rio já foi gravemente afetado pela poluição dos garimpos há três décadas. E hoje isso pode se repetir, com a retomada da atividade garimpeira com tecnologias mais avançadas que no passado.



Além disso, está em jogo o equilíbrio ambiental e humano de uma área muito superior, se somados aqui os principais afluentes do Tapajós, que são o Jamanxim, quase tão caudaloso quanto o Tapajós, o Cururu, o Tropas e o Crepori, além de centenas de igarapés e outros pequenos córregos que demandam estes rios. Nessas águas se realiza a garimpagem há mais de meio século, porém, nos últimos anos, com a introdução de poderosas dragas e a utilização de tratores e bicos-jato, o mar de lama que desce dessas atividades, tende a comprometer toda a bacia.
Um começo de desastre já ocorreu nas décadas de 1970/1990 e os impactos foram minorados por causa da queda nos preços do ouro e das medidas econômicas do governo Collor. Naquele período, pesquisas científicas comprovaram a contaminação de cardumes e de toda a cadeia alimentar, o que resultou em doenças graves em muitas pessoas, além da sujeira que tomou conta de quilômetros das praias brancas que caracterizam o Rio Tapajós.
Se a mineração artesanal e a industrial não cumprirem as leis ambientais, como está ocorrendo hoje, o coração da Amazônia sofrerá um grave desequilíbrio, aí somadas as sete usinas hidrelétricas, o avanço da cultura da soja, a instalação de portos para exportação de grãos em Itaituba, o asfaltamento da BR-163, tudo isso vizinho ao Parque Nacional da Amazônia, que é uma unidade de conservação de proteção integral, criado em fevereiro de 1974, como parte do Programa de Integração Nacional (PIN), logo após a construção da Rodovia Transamazônica, a BR-230. Além da existência, dentro dessa imensa área, de comunidades indígenas, entre elas a reserva Munduruku, cujos integrante são extremamente ativos na defesa de suas áreas.
 
O Tapajós é um dos maiores e mais caudalosos rios amazônicos, em cuja área de influência existem sete cidades, aldeias indígenas e inúmeras vilas onde vivem e trabalham populações ribeirinhas. Ao longo desse grande rio que nasce no Mato Grosso, formado pelo Teles Pires e o Juruena, na Barra de São Manoel, localizam-se as cidades de Santarém (com 300 mil habitantes), Belterra (17 mil habitantes), Aveiro (16 mil), Itaituba (120 mil), Jacareacanga (42 mil) Trairão (18 mil) e Novo Progresso (25.500).
É essa situação de grave perigo que motiva um grupo de pessoas de Santarém e Belém a pedirem assinaturas na Petição Pública que está na internet, e também correndo listas em papel por vários ambientes. O que pedem é que o governo do Pará e as Universidades Federal do Pará e do Oeste do Pará realizem, com urgência, pesquisa que comprove os níveis atuais da poluição, agora acrescida do derrame de cianureto, além de mercúrio e barro, uma mistura venenosa que escorre para dentro dos rios no âmago da região amazônica.
Petição Pública aqui

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