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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Corte Suprema do Chile confirma suicídio de Allende e encerra caso

A Corte Suprema do Chile fechou definitivamente a investigação sobre a morte do presidente Salvador Allende nesta terça-feira ao chegar a conclusão que ele realmente se suicidou durante o golpe de Estado de 1973.


A decisão do alto tribunal ratificou que Allende tirou a própria vida e que não houve participação direta de terceiros em sua morte, em 11 de setembro de 1973 no Palácio de la Moneda.
O ex-presidente chileno Salvador Allende morreu no dia 11 de setembro de 1973 no Palácio de la Moneda. EFE/Arquivo

O ex-presidente chileno Salvador Allende morreu no dia 11 de setembro de 1973 no Palácio de la Moneda. EFE/Arquivo
Ao contrário da decisão de setembro de 2012, quando o juiz Mario Carroza julgou em primeira instância que Allende tinha sido assassinado e quando a Corte de Apelações de Santiago o confirmou em 24 de junho, desta vez o silêncio rodeou a notícia.
 A investigação sobre a causa da morte de Allende, que incluiu a exumação do cadáver e a realização de várias perícias, não surgiu a pedido da família nem do Partido Socialista.
Em janeiro de 2011, a promotora Beatriz Pedrals apresentou uma denúncia para esclarecer 726 casos de eventuais violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura de Augusto Pinochet, que até então nunca tinham sido investigadas.
 
A sentença da Corte Suprema corroborou que não existiam antecedentes que permitissem determinar que houve intervenção direta de terceiros na morte de Salvador Allende.
Enquanto La Moneda ardia em chamas após ser bombardeada pela Força Aérea em 11 de setembro de 1973, Allende se dirigiu ao Salão Independência, situado no segundo apartamento, e fechou a porta.
"Uma vez em seu interior, sentou em um sofá, colocou o fuzil que levava entre as pernas e apoiando-o em seu queixo, o acionou, morrendo instantaneamente em consequência do disparo", continua.
"Em consequência desta ação, seu corpo ficou em uma posição tal que sua cabeça se caiu para a direita e se inclinou sobre o tórax. Houve uma grande perda de massa encefálica, que ficou no chão e na parede logo atrás dele", detalhou.
Sobre a eventual participação de militares na morte de Allende, como até hoje sustentam alguns de seus partidários, a resolução judicial assinala que as tropas que atacaram La Moneda "chegaram ao salão um instante depois que o presidente Allende tirasse a própria vida".
A decisão acrescentou que "não há nenhuma testemunha que possa provar a tese do enfrentamento".

E conclui assinalando que "as ações que significaram a morte de Allende são consequência de um ato deliberado no qual, voluntariamente ele tirou a própria vida e não há intervenção de terceiros, seja para incumbência ou seu auxílio".
 
O juiz Hugo Dolmestch, sozinho, se pronunciou a favor da suspensão temporária e não definitivo da causa, baseado em opiniões contraditórias dos peritos sobre o orifício de saída de uma bala que não coincidia com a trajetória do projétil que causou a morte do presidente.
Os restos de Allende foram exumados em maio de 2011 e a equipe de peritos concluiu dois meses depois que a causa da morte foi uma "lesão perfurante na cabeça por um projétil de arma de fogo de alta velocidade à queima-roupa", o que em medicina legal pode ser atribuível ao suicídio.

 O corpo de Allende voltou a ser sepultado no Cemitério Geral de Santiago em 9 de setembro de 2011.
No entorno familiar e político de Salvador Allende a postura da família, que sempre sustentou a tese de que o presidente socialista (1970-1973) se suicidou, permaneceu inalterada após a sentença ser ratificada pela justiça.

Em setembro de 2012, quando foi tomada a decisão de primeira instância, a senadora Isabel Allende, filha do líder socialista, declarou que a família estava contente que o Poder Judiciário "reafirmasse o que de alguma maneira se sabia, mas agora cientificamente".
Na direita, que respaldou a ditadura de Augusto Pinochet, o deputado Ignacio Urrutia qualificou de "covarde" o presidente falecido. Mas hoje também ficou em silêncio.
 
Já o Partido Socialista, ao qual pertencia Allende e também a presidente eleita, Michelle Bachelet, está imerso estes dias na negociação de acordos que garantam o cumprimento do futuro programa de governo.
A caçula de Allende, inclusive, aspira a ser a próximo presidente do Senado.
Um dirigente socialista disse hoje à Agência Efe que o silêncio com que o Chile recebeu esta notícia responde mais que nada ao fato de que a decisão não foi nenhuma surpresa, já que ratificou o que se sabia e estabeleceu a justiça. 

Fonte: EFE | Santiago do Chile 
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