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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Unasul: truculência da Europa com Evo Morales faz América do Sul 'mais unida'


Maduro, Cristina, Evo e Correa, em ato paralelo à reunião do Mercosul para avaliar resposta à conduta de países da Europa com o presidente sul americano, Evo Morales, da Bolívia.
Representantes dos países membros da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), entre eles seis chefes de Estado, se reuniram ontem (4) em Cochabamba, na Bolívia, para emitir uma condenação conjunta à restrição sofrida pelo avião presidencial de Evo Morales na Europa e declarar sua solidariedade ao líder aimará.
O encontro havia sido convocado pelo secretário geral do bloco, Alí Rodríguez Araque, a pedido do presidente equatoriano, Rafael Correa, enquanto Morales ainda se encontrava retido no aeroporto de Viena, na Áustria, esperando autorização para cruzar os espaços aéreos de França, Itália, Espanha e Portugal.
Além de brindarem apoio político e pessoal ao presidente da Bolívia pela "agressão" sofrida na Europa, os líderes e representantes dos países da América do Sul produziram um documento com seis pontos que ficou batizado como Declaração de Cochabamba (confira íntegra abaixo).
O texto condena a retenção de Evo Morales como uma "violação aos direitos não apenas do povo boliviano, mas de todos os povos da América Latina", além de abrir um perigoso precedente em matéria de direito internacional.
"Exigimos aos governos da França, Itália, Portugal e Espanha que expliquem as razões para a decisão de impedir o sobrevoo do avião presidencial da Bolívia", continua a declaração, instando aos líderes dos países europeus que apresentem suas desculpas públicas. "Oferecemos nosso respaldo à denúncia apresentada pela Bolívia ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pela grave violação aos direitos humanos que colocou em risco a vida do presidente Evo Morales."
Finalmente, a Unasul decidiu formar uma comissão de monitoramento em que os ministros de Relações Exteriores de cada país membro do bloco ficará encarregado de tomar as medidas necessárias para que os motivos da retenção de Evo Morales sejam devidamente esclarecidos. "Convocamos às Nações Unidas e todos os organismos internacionais a se pronunciarem sobre esse episódio injustificável e arbitrário."
Discursos
De acordo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a agressão diplomática contra Evo Morales só conseguiu "unir ainda mais" os países do continente. Maduro também sustentou que França, Itália, Espanha e Portugal romperam “todas as regras de convivência” internacional ao proibir que a aeronave boliviana adentrasse seus respectivos espaços aéreos.
"Em nome do comandante Hugo Chávez, viemos expressar nosso apoio ao presidente Morales. Quem mexe com a Bolívia mexe com a Venezuela", afirmou. "Não é tempo para a mesquinharia frente à agressão de um líder latino-americano", afirmou Maduro. "O que teria acontecido se essa agressão tivesse custado a vida a Morales?"
Evo Morales viajava de volta de viagem a trabalho na Rússia e foi obrigado a pousar em Viena (Áustria), para reabastecimento, depois de França, Portugal, Itália e Espanha negarem a permissão de sobrevoo por suspeitas de que a aeronave estivesse transportando o ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden, procurado pelos Estados Unidos e refugiado há dias no Aeroporto de Moscou. O prolongamento do voo poderia ter esgotado o combustível da aeronave e colocado a vida do presidente da Bolívia em risco. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jen Psaki, disse, no entanto, que a decisão de impedir a passagem do presidente boliviano pelos espaços aéreos foram decisões individuais dos países. 
Mais cedo, Maduro havia dito que iria avaliar as relações bilaterais de seu país com a Espanha depois do incidente e que a CIA era a responsável pelo atentado a Morales, já que "a Europa é a principal vítima de Washington" e, ao mesmo tempo, as primeiras a apoiar suas ações. Também havia perguntado o que aconteceria se o mesmo ocorresse a um presidente europeu no continente sul-americano.
Já o presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que os governos da região não permitirão "mais vexações contra a América Latina" e que atuarão "como Estados livres e soberanos como são nossos povos".
Ele também pediu que os países europeus não se esqueçam da soberania dos Estados latino-americanos. "Eles estão tentando aborrecer um Estado, um representante dos povos indígenas ancestrais. A Europa deve muito à nossa querida Bolívia. Não permitiremos que se trate assim um presidente de um Estado da nossa América."
Correa declarou que "o direito internacional e a inviolabilidade dos chefes de Estado foram destroçados. 
Não entendemos por que se agiu assim contra a querida Bolívia". Acrescentou ainda que "não foi a Bolívia que espiou ninguém. Não foi a Bolívia que invadiu ninguém. Foi um cidadão norte-americano que revelou talvez o maior caso de espionagem global".
O presidente do Suriname, Desiré Bouterse, declarou ter ido a Cochabamba "para testemunhar e demonstrar solidariedade com o que aconteceu com o presidente boliviano nos dias passados".
Por sua vez, Evo Morales declarou que "não basta só a desculpa" dos países europeus e que seu governo buscará "o respeito" aos tratados e normas internacionais para respaldar sua reivindicação perante os organismos externos.
"A posição firme que vamos assumir é fazer respeitar perante os organismos internacionais as normas e os tratados internacionais. Não basta só a desculpa de algum país que não nos permitiu passar por seu território", declarou Morales em um ato na zona central de Chapare, antes de dirigir-se à reunião.
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, pediu o fim das "pressões grosseiras" a países que avaliam a solicitação de asilo do ex-agente. "Não haverá pressão de governo nenhum no mundo que impeça que os governos, que decidimos ser livres, de avaliar a solicitação de asilo que emita qualquer cidadão do mundo e tomar as decisões que lhe convenha, dentro do estabelecido no direito internacional", afirmou.

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