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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Polícia turca prende centenas de manifestantes em Istambul


Tanque patrulha ruas de Istambul na noite de domingo
Erdogan Já ameaça o uso do exercito.

A polícia turca prendeu neste domingo (16/06) pelo menos 350 pessoas em diferentes protestos que ocorrem praticamente de forma ininterrupta desde a tarde de ontem nas principais cidades do país, após a forte manifestação policial 
 
que expulsou violentamente manifestantes que acampavam no parque Gezi e da praça Taksim, em Istambul, epicentro das revoltas iniciadas há três semanas. 
 
A informação é do jornal "Hürriyet", citando fontes do Colégio de Advogados de Istambul.
O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, principal alvo dos protestos, fez um discurso para milhares de apoiadores, em Ancara, e disse que apenas “cumpriu seu dever”. Horas depois, foram registrados confrontos entre os manifestantes pró e contra o governo.
Durante o dia de hoje, a polícia fez diversas intervenções com uso de jatos de água, granadas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra milhares de manifestantes que tentavam se aproximar do centro de Istambul.
 
Photo: DPA
A emblemática praça foi desocupada na tarde de ontem e, desde então, se encontra isolada, embora as ofensivas policiais nos arredores do local tenham se mostrado quase que constante ao longo da jornada do domingo.
Grande parte dos 350 presos foram detidos no bairro de Cihangir, uma zona residencial de classe média, que, desde o início dos protestos, aparece como a espinha dorsal do descontentamento popular. Os confrontos entre policiais e manifestantes seguiam intensos na região nas primeiras horas da segunda-feira (locais).
Os detidos, incluindo vários jornalistas e um cidadão britânico, foram transferidos à Praça Taksim e acomodados em ônibus da polícia, afirmou o jornal citado.
A organização de direitos humanos Anistia Internacional fez hoje uma chamada ao governo turco para que ponha fim na política de restrição à comunicação dos detidos e que deixem os mesmos ligarem para seus advogados e familiares.
Confrontos
Ainda segundo o Hürriyet, um grupo que apoia Erdogan atacou manifestantes antigoverno que fugiam da polícia durante os confrontos. Segundo a fonte do jornal, um grupo de cerca de 40 pessoas, armadas com pedaços de pau, saiu do bairro de Kasimpasa, onde fica a sede do partido governamental AKP (Justiça e Desenvolvimento), e se dirigiu à avenida Istiklal, agredindo os manifestantes que fugiam de uma frente policial com gás lacrimogêneo.
O grupo perseguiu os manifestantes até a sede local do opositor CHP (Partido Republicano do Povo), cujas portas de vidro foram estilhaçadas. Uma deputada do CHP, Binnaz Toprak, que estava no edifício, confirmou ao jornal que os agressores declararam apoio ao AKP.
Segundo informações nas redes sociais, após o discurso de Erdogan em Istambul, grupos de simpatizantes do governo saíram em direção a bairros próximos da praça Taksim, epicentro das revoltas, para perseguir e agredir quem protestasse contra o governo.
Em fotos e vídeos, aparecem grupos de jovens, todos homens, armados com pedaços de pau, que marchavam junto aos veículos policiais.
Uma testemunha confirmou à Agência Efe que havia encontrado grupos que agrediam qualquer pessoa que eles considerassem um manifestante antigoverno.
Esta é a primeira confirmação de que manifestantes pró-governo participam de forma violenta dos protestos que há quase três semanas colocam policiais e cidadãos em confronto em várias cidades da Turquia.
Anteriormente, foram divulgadas fotos de indivíduos à paisana armados com cassetetes que pareciam ajudar a polícia na cidade de Esmirna, mas as autoridades declararam que se tratava de agentes disfarçados.


Policiais turcos dispersam manifestantes com jatos d'água

Segundo fontes dos manifestantes turcos relataram ao jornalista Marcelo Montanini, policiais estão invadindo casas e apartamentos sem mandato judicial para prender pessoas que protestam das janelas ou que, de alguma forma, ajudaram os manifestantes.
A evacuação de Gezi
No sábado, os acampados no parque tiveram de sair fugindo do local. Porém, mais tarde, alguns se reagruparam para levantar barricadas e acender fogueiras em ruas próximas.
De acordo com as fontes de Montanini, os confrontos da evacuação de sábado (15) foram os mais violentos desde o início das manifestações, e diversas ilegalidades e ações violentas teriam ocorrido por parte das forças de segurança: policiais teriam invadido um hospital e o saguão de um hotel para prender alguns feridos que teriam sido levados para estes locais. Além de gás, a polícia teria utilizado jatos de água com algum produto químico. Por essa razão, muitas pessoas, ao ter contato com a água, sofreram queimaduras. O governo de Istambul também teria fechado acessos que ligam Ásia a Europa. O transporte de barcos e ônibus também não estariam funcionando.
Por sua vez, o premiê Erdogan afirmou que a retirada dos manifestantes da praça “era seu dever”. No sábado, em discurso em Ancara, ele havia estipulado um ultimato para que as pessoas deixassem o local até este domingo, o que não cumpriu, e a ação policial surpreendeu os participantes do protesto. Isso explicaria, segundo as fontes, o fato de a praça e o parque estarem cheios de crianças quando a polícia atacou, o que teria deixado a situação mais tensa. Houve muitos registros de menores que se perderam dos pais.
O governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, avaliou em comunicado emitido esta madrugada em 44 os feridos, nenhum com gravidade, na retirada e confrontos posteriores com os agentes. Segundo as fontes, o governo local também teria fechado acessos que ligam Ásia a Europa. Barcos e ônibus também não estariam funcionando.

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