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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

OS 35 ANOS DO ASSASSINATO DE ORLANDO LETELIER


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Orlando Letelier

Carro de Letelier destruído por bomba

Há 35 anos, em plena capital americana, Washington, o diplomata chileno exilado Marcos Orlando Letelier Del Solar foi morto quando uma bomba destruiu seu carro no Sheridan Circle. Letelier fora chanceler e ministro da Defesa do presidente socialista Salvador Allende, deposto por um golpe militar em 11 de setembro de 1973. O atentado, que também matou a secretária de Letelier, Ronni Moffit, foi obra da DINA, a temível polícia política criada pelo ditador chileno Augusto Pinochet, e de um agente da CIA recrutado pela DINA.

Michael Townley

Várias pessoas foram processadas e condenadas pelo atentado: Michael Townley, agente da CIA que trabalhava para a DINA, o general Manuel Contreras, chefe da DINA, e o brigadeiro Pedro Espinoza, também dirigente da polícia política pinochetista. Em 1978, Townley foi condenado a 25 anos de prisão nos EUA. Cuumpriu 62 meses e foi libertado, tendo sido inscrito no Programa Federal de Proteção à Testemunha dos EUA. Ele conseguiu evitar a deportação para a Argentina, para ser julgado pelo assassinato do general Carlos Prats. Contreras e Espinoza foram condenados em 1993 no Chile, mas Pinochet, que morreu em 2006, nunca foi processado pelo caso, embora todos os envolvidos o apontassem como o autor intelectual do assassinato de Orlando Letelier.




O general legalista Carlos Prats
 Michael Townley talvez seja o mais sinistro de desses tenebrosos personagens. Ele já havia participado de outros dois atos terroristas contra chilenos no exterior: o assassinato do general Carlos Prats em Buenos Aires, em 1974, e o atentado contra o brigadeiro Bernardo Leighton, em Roma, em 1975. Carlos Prats, antecessor de Pinochet no comando do Exército do Chile, era um general legalista que estava exilado na Argentina quando foi morto por um carro bomba. Segundo o general Contreras, Townley viajou para a Argentina com um passaporte falso feito pela CIA e, na operação, teve apoio de agentes da CIA, da DINA e de grupos paramilitares da extrema-direta argentina, como a Triple A (Aliança Anticomunista Argentina).

Para tentar matar o brigadeiro Leighton, dissidente da junta militar chilena, Townley se encontrou com Stefano Delle Chiaie, fundador do grupo neofascista Avanguardia Nazionale e membro da Gládio, organização anticomunista montada pela OTAN na Europa ocidental, e com Albert Spaggiari, ativista francês da OAS (Organização do Exército Secreto, de extrema-direita), e Enrique Arranciaba, agente da DINA.


Prisão de Letelier no Chile em 1973
Letelier, advogado de formação, trabalhou na Codelco (Departamento de Cobre do Chile), e ingressou no Partido Socialista em 1959. Trabalhou no BIRD e foi nomeado por Allende para ser o embaixador do Chile nos Estados Unidos, com a impossível missão de justificar a nacionalização da indústria do cobre chilena. Em 1973, foi nomeado chanceler, depois ministro do Interior e ministro da Defesa. Com o golpe de 11 de setembro, Letelier foi preso e encaminhado a vários campos de concentração, onde foi barbaramente torturado. Sob intensa pressão internacional, foi libertado e se exilou nos EUA, fixando residência em Washington, DC. Trabalhou no IPS (Instituto de Estudos Políticos) e foi diretor do Transnational Institute (TNI), uma organização independente baseada em Amsterdã. Fez intensa campanha contra o regime de Pinochet e se tornou o porta-voz da resistência chilena no exterior, obtendo ajuda financeira (especialmente da Europa) para atividades oposicionistas. A ditadura chilena cassou sua nacionalidade em setembro de 1976, dias antes de seu assassinato.
http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB104/kissinger%2019750429.jpg.
Documentos do Departamento de Estado americano liberados em 2010 revelaram que o governo dos Estados Unidos foi obrigado a suspender a colaboração com a Operação Condor – uma rede das ditaduras militares latino-americanas para troca de informações e captura de dissidentes políticos – depois do assassinato de Orlando Letelier. O próprio Henry Kissinger, (foto acima) secretário de Estado profundamente envolvido na desestabilização e deposição de Allende, comandou a marcha-à-ré de Washington.   



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